JOGOS EM DIRECTO INTER REGIÕES

NAS GRANDES BATALHAS DA VIDA , O PRIMEIRO PASSO PARA A VITÓRIA É O DESEJO DE VENCER

ENTREVISTA CARLOS ARMANDO

1ª Entrevista






1- Boa tarde Carlos Armando, qual a razão que o levou a adoptar o hóquei em patins como a modalidade preferida para tantos anos de dedicação?



C.A.: O Hóquei em Patins é efectivamente uma das minhas grandes paixões conjuntamente com o Ciclismo, modalidade á qual estive ligado igualmente muitos anos contando com 10 voltas a Portugal no meu curriculum.

Mas concretamente em relação ao hóquei, o meu fascínio pela modalidade ficou a dever-se aos tempos áureos da ADO, em equipas onde pontificavam entre outros, jogadores como Salema, Álvaro, João Henrique, Arlindo e tantos outros, que me faziam deslocar todas as semanas ao pavilhão para os ver jogar, captando dessa forma o meu interesse por esta modalidade, que mal sabia eu, anos mais tarde haveria ser tão presente na minha vida.


2- Onde e quando é que tudo começou?

C.A.: Tudo começou, quando em meados de 1989, os Srs. Aníbal Campão e Emanuel Duarte, que na altura eram respectivamente presidente e treinador da equipa sénior do Parede F.C., me convidaram para o lugar de massagista da equipa sénior do clube, dado conhecerem a já larga experiencia que eu tinha de massagista desportivo.

Anos mais tarde já com o treinador Mário Ramos (Marinho), acompanhei-o aquando da sua transferência para o H.C. Sintra, com o aliciante extra de irmos para uma equipa de 1ª divisão e por lá fiquei durante 12 anos.

3- Como se deu o seu ingresso nos quadros da APL?

C.A.: O meu ingresso na APL, coincidiu com a minha entrada na modalidade, pois nessa época de estreia, o Mister Emanuel Duarte acumulava as funções de técnico do Parede com as de Seleccionador Distrital, tendo-me igualmente convidado para o acompanhar na Selecção da APL.

E a verdade é que passados todos estes anos ainda por cá ando.


4- Com tantos anos de ligação a esta fantástica modalidade, terá por certo múltiplas memórias e grandes recordações. Gostaria que partilhasse connosco alguns dos episódios mais marcantes da sua extensa carreira de massagista.

C.A.: Houve vários episódios engraçados, mas tenho alguma dificuldade em recordá-los.

Houve no entanto uma situação engraçada que nunca esqueci e que demonstra bem como muitas vezes o estado psicológico dos atletas pode ser condicionado.

Num jogo, em que curiosamente já ao serviço do Sintra nos deslocámos ao Pavilhão do Parede, tinha um atleta a quem eram administradas injecções de “Voltaren” antes dos jogos.

Acontece que para esse jogo esqueci-me das injecções, depois de falar com o treinador, resolvemos nada dizer ao atleta, tendo pura e simplesmente picado o jogador durante alguns segundos, ficando o mesmo convencido que a injecção tinha sido administrada.

O mais curioso, foi o jogador ter efectuado uma grande exibição e no final me ter dito que as minhas injecções eram efectivamente milagrosas, pois sem elas tinha sido impossível jogar.


5- Qual a maior alegria que já viveu neste desporto?



C.A.: Naturalmente foram os títulos de Campeão. Nomeadamente Campeão Nacional da 2ª Divisão nos seniores do HC Sintra e Campeão Nacional de Juvenis igualmente ao serviço desse clube.

Também os diversos títulos alcançados nas selecções da APL, foram momentos de grande alegria.

Por fim destaco, a condecoração com que a A.P.L. me agraciou de Dedicação, que muito me orgulhou.


6- E a maior decepção?

C.A.: Já tive diversas decepções ao nível de resultados, ao longo de todos estes anos, mas houve uma situação que me marcou muito negativamente enquanto agente desportivo e que é a antítese da forma como eu vejo o desporto, que passo a relatar.

Há já muitas épocas atrás, num jogo em que o Sintra se deslocava ao antigo Pavilhão da Luz aconteceu algo que deixou perplexo e que viola todas as regras do desportivismo e fair-play.

Quando as carrinhas do HC Sintra pretenderam entrar no recinto da Luz, foram impedidas de o fazer, por instruções dos directores do Benfica, sendo dessa forma toda a comitiva do Sintra e respectiva bagagem obrigada a viajar a pé desde a 2ª circular até ao pavilhão.


7- Qual é, em sua opinião, a razão pela qual o hóquei em patins deixou de ser a 2ª modalidade mais querida do povo português?

C.A.: Essencialmente, falta o apoio da comunicação social que é fundamental para a divulgação e promoção da modalidade, que ano após ano tem vindo a ser cada vez mais “mal tratada” e esquecida.

Igualmente a crise económica em que vivemos tem grande influência, pois torna-se cada vez mais complicado arranjar patrocinadores, levando a que muitos gradualmente desinvistam na modalidade.

Por último, penso que deveria ser revista a lei de transferências, de modo a que a mesma salvaguardasse os clubes que investem forte na formação de atletas, que infelizmente não só, não têm capacidade para manter os melhores valores, como nem sequer são recompensados pelo investimento feito aquando da saída dos mesmos para outros clubes com outras condições económicas.

8- Tendo já convivido e trabalhado com tantos nomes sonantes do hóquei (técnicos, jogadores, dirigentes e fundamentalmente atletas), gostaríamos que destacasse alguns que de alguma forma o marcaram mais significativamente.

C.A.: Felizmente ao longo destes anos não houve um único que me deixasse recordações amargas, mas efectivamente houve alguns que me marcaram mais significativamente e que passo a citar:

• Dirigentes: Sr. Aníbal Campão (Parede FC); Sr. João Mata e Sr. José Manuel Cosme (ambos no HC Sintra) e o antigo presidente da APL, o Sr. Victor Martins.

• Treinadores: Sr. Emanuel Duarte, Sr. Casimiro e o Prof. João Campelo.

• Jogadores: Jorge Conceição, Nuno Almeida, João Pedro (JP), Nuno Rilhas, Carlos Campão e Paulo Pantana.

9- Depois de já terem passado centenas de atletas e dezenas de equipas pelas suas mãos, como avalia a selecção distrital que está agora a ser formada com vista ao Inter-Regiões 2010 e quais as reais hipóteses que existem de Lisboa recuperar um título, que salvo erro, nos foge desde o ano de 2005 aquando da realização do Inter-Regiões em Sesimbra?

C.A.: Efectivamente, desde esse Inter-Regiões de Sesimbra, onde entre outros pontificavam jogadores como João Rodrigues e Gonçalo Pestana, que não conseguimos vencer a prova.

Apesar de ser da opinião, que o nível médio das Selecções tem vindo a decair gradualmente, acho que este ano Lisboa apresenta uma Selecção com todas as condições para recuperar um troféu que na época passada apenas nos fugiu na lotaria das grandes penalidades.


10- Qual a razão que encontra para esta “semi-travessia do deserto” no que a títulos diz respeito?



C.A.: Na minha opinião, isso resulta do reduzido investimento que grande parte dos clubes fez nos últimos anos no que á formação diz respeito.

No entanto nota-se que o ressurgimento de clubes como o Sporting e Benfica, que voltaram a apostar na formação de base, tem vindo a devolver uma nova dinâmica ao hóquei de Lisboa, que saí agora ainda mais reforçado com este pioneiro projecto de detecção de talentos, lançado pela APL.

Acredito que a curto/médio prazo vão ser visíveis os resultados de todo este investimento.

 



11- Para finalizar Carlos, agradecendo desde já a sua simpatia e disponibilidade, deixamos-lhe aqui a possibilidade de expressar uma mensagem a todos os jovens que continuam a manter a vitalidade do nosso hóquei e que são o garante do futuro da modalidade.

C.A.: Desejo que todos continuem com este entusiasmo pela modalidade (como tem sido bem evidente ao longo deste fim-de-semana), pois para além de ser uma forma saudável de ocuparem os seus tempos livres e fugirem ás inúmeras tentações negativas que cada vez mais proliferam nesta nossa sociedade, é sem dúvida um complemento fundamental á educação física e psicológica de cada um.

No entanto é bom que tenham sempre presente que os estudos devem ser colocados em 1º lugar, pois será por aí que vão garantir o seu futuro.

Aproveito ainda para vos desejar as maiores felicidades para o vosso Blogue.

São iniciativas como a vossa que podem ajudar á recuperação do prestígio desta nossa modalidade.